Isabel Furini entrevista a escritora e editora Bernadéte Schatz Costa

 

Foto: divulgação

“A criação literária deve estar sempre aberta aos acontecimentos do cotidiano. O escritor necessita exercitar a escrita e a sensibilidade, não só para acontecimentos tristes, mas principalmente para o que percebe e como sente esses acontecimentos em seu íntimo.”


         Bernadéte Costa escritora e editora. Usa como nome artístico Bernadéte Schatz Costa. Nasceu em Blumenau/SC. É pós-graduada em Marketing, Consumo e Redes Sociais pela Univille/SC; graduada em Pedagogia pela UDESC/SC. Autora dos livros Sonhar, escrever e viver (poesia-2011); A dança que encanta criança (infantil-2014); Girassóis nos Sapatos (autoria compartilhada - poesia-2019); Vácuo Quântico (poesia-2019) e Manuscritos Coletivo (Organização-2020). Assina os textos do livro Uma Escola para a Vida (2020- alusivo aos 20 anos da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil). Integra as Miniantologias e Antologias da Associação das Letras. Membro da Academia Joinvilense de Letras e do Centro de Letras do Paraná/PR.

 

1 – Segundo a sua percepção esta época de pandemia é boa ou é ruim para a criação literária? Você se sente mais ou menos inspirada?

A criação literária deve estar sempre aberta aos acontecimentos do cotidiano. O escritor necessita exercitar a escrita e a sensibilidade, não só para acontecimentos tristes, mas principalmente para o que percebe e como sente esses acontecimentos em seu íntimo.

 

2 – Quando iniciou o seu interesse pela Poesia?

Meu interesse pela poesia iniciou na adolescência, quando me encontrei com grandes poetas, por meio de suas obras.

 

“Penso que a poesia tem um papel de catarse tanto para o poeta, quanto para o leitor. Muitas vezes, entra na alma e planta nela palavras que nos levam a grandes reflexões. A poesia não é pra ser entendida, poesia deve ser sentida.”

 

3 –   Você gosta de interpretar poemas? Como se sente declamando?

Gosto muito de ler poemas em voz alta. Para mim a interpretação pela leitura ou declamação de um poema é como dar asas sonoras a ele. É libertá-lo do papel e da tinta para alcançar tímpanos ávidos por música.

 

4 – Vamos falar sobre títulos. Na sua opinião um poema precisa de título ou considera o título supérfluo? Como faz para escolher os títulos dos poemas?

Bons títulos dão um caminho ao leitor. Prefiro títulos menos óbvios. Ao dar nome ao poema ou outro texto literário busco a essência dele. Gosto de usar uma ou duas palavras para nortear a leitura.

 

5 - Bernadéte, alguns falam que a Poesia não tem utilidade prática, que não serve para o mundo de hoje. Qual é a sua opinião?

Independente de eras, a natureza humana permanece. Penso que a poesia tem um papel de catarse tanto para o poeta, quanto para o leitor. Muitas vezes, entra na alma e planta nela palavras que nos levam a grandes reflexões. A poesia não é pra ser entendida, poesia deve ser sentida. As pessoas, hoje, estão vivendo na superficialidade, é preciso submergir para o próprio interior para sentir a poesia.

 

6 – Se você fosse obrigado a escolher um poema de sua autoria que represente o seu estilo, a sua voz poética, qual escolheria?

É difícil responder, porque a voz poética não é estática. Há mudanças constantes no íntimo, na execução, na palavra. Todavia, há sentimentos atemporais que permanecem, como neste poema, Vestes do Tempo, que compõe meu último livro “Vácuo Quântico”.

 

VESTES DO TEMPO

 

Banho-me

no ofurô da vida.

Na água morna,

a calêndula exala perfume.

 

Pêndulo celeste ilumina

os segundos rasteiros:

incessantes, insensatos,

roubam meus minutos.

 

Atiro diariamente

às vestes do tempo.

Visto-me de ser.

 

Escondida nas cascas da vida,

solto minha voz no claro dia,

mergulhada na calêndula amarela.

 

7 – Fale um pouco sobre a sua editora. Como funciona?

Manuscritos Editora é uma empresa criada em 2011, com o propósito de prestar assessoria editorial para autores independentes. Focada na qualidade da produção editorial, conduz o autor pelos caminhos das complexas etapas – produção, registros, propriedade intelectual e outras ações legais, publicação e lançamento de um livro. Contando com uma equipe de suporte formada por experientes profissionais nas áreas do design gráfico, biblioteconomia, ilustradores, artes gráficas entre outros. Manuscritos Editora está registrada na Fundação Biblioteca Nacional, órgão oficial que atua como entidade reguladora e controladora da produção literária no Brasil e na Câmara Brasileira do Livro – CBL, hoje Agência Brasileira do ISBN. Desta forma, todos os livros editados e publicados torna-se oficialmente objeto do acervo nacional e com identidade única. Faço a coordenação editorial da Manuscritos Editora desde sua fundação, há 10 anos. São 74 títulos publicados com mais de 78 mil exemplares impressos.

 

8 - Esclareça essa possibilidade de publicar pequenas tiragens e até 1 exemplar.

Hoje as empresas de impressão sob demanda aprimoraram seus serviços e equipamentos entregando um material muito bom no mercado. Esse desenvolvimento possibilitou aos escritores imprimirem pequenas tiragens com preço compatível para venda e para arquivo próprio. Essas empresas também oferecem um leque de opção para visibilidade para a venda de livros no varejo.

 

9 – 2021 continua o problema da pandemia. Quais são os projetos para este semestre?

Há grandes tristezas e mudanças que nos abrem caminhos importantes e quebram paradigmas. O isolamento oportunizou a criatividade e momentos de reflexão para novos projetos. No início não foi fácil, mas fomos buscando saídas com saraus virtuais, publicações de antologias; agora no segundo semestre finalizo a organização do livro Manuscritos Coletivo – Volume 2. Estou com um projeto de oficinas de poesia, tanto presencial quanto on-line, quadro de entrevistas com autores e muitas outras ações para fomento da leitura e literatura.



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